domingo, 15 de novembro de 2009

MOÇAMBIQUE




DADOS GERAIS, DESCRIÇÃO, HISTÓRIA, FATOS RECENTES

DADOS GERAIS

GEOGRAFIA – Área: 799.380 km². Hora local: +5h. Clima: tropical. Capital: Maputo. Cidades: Maputo (1.134.000) (aglomeração
urbana) (2001); Matola Rio (440.927), Beira (412.588), Nampula (314.965) (1997).

POPULAÇÃO – 18,9 milhões (2003); nacionalidade: moçambicana; composição: macuas 46,1%, tsongas, malavis e chonas 53%,
outros 0,9% (1996). Idiomas: português (oficial), línguas regionais (principais: ronga, changã, muchope). Religião: crenças tradicionais
50,4%, cristianismo 38,4% (católicos 15,8%, protestantes 8,9%, outros 13,8%), islamismo 10,5%, outras 0,7%, ateísmo 0,1% (2000).

GOVERNO – República com forma mista de governo. Div. administrativa: 11 províncias subdivididas em municipalidades. Presidente:
Joaquim Alberto Chissano (Frelimo) (desde 1986, reeleito em 1994 e 1999). Primeiro-ministro: Pascoal Manuel Mocumbi (Frelimo) (desde
1994). Partidos: Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Resistência Nacional Moçambicana (Renamo). Legislativo: unicameral –
Assembléia da República, com 250 membros. Constituição: 1990.

ECONOMIA – Moeda: metical; cotação para US$ 1: 23.220 (jul./2003). PIB: US$ 3,6 bilhões (2001).

DEFESA – Exército: 9-10 mil*; Marinha: 150; Aeronáutica: mil (2002). Gastos: US$ 71 milhões (2001).

RELAÇÕES EXTERIORES – Organizações: Banco Mundial, Comunidade Britânica, FMI, OMC, ONU, SADC, UA. Embaixada: Tel. (61)
248-4222, fax (61) 248-3917 – Brasília (DF); e-mail: embamoc-bsb@uol.com.br.
*Efetivo real não confirmado

DESCRIÇÃO

Ex-colônia portuguesa, Moçambique situa-se no sudeste da África. Embora o português seja o idioma oficial, a língua é falada por apenas
40% da população – majoritariamente negra e formada por vários grupos étnicos. Os quase 20 anos de guerra civil, encerrada em 1992,
deixam 1 milhão de mortos e graves conseqüências sociais. A taxa de analfabetismo fica acima de 50%. Com uma das menores rendas
per capita no mundo, o país depende de ajuda externa e tenta reconstruir a economia, que tem bom potencial na pesca, na extração de
gás, na mineração e na exploração madeireira. O desemprego é elevado, e 80% dos habitantes praticam agricultura de subsistência.

HISTÓRIA

A região do atual Moçambique é habitada desde pelo menos o Paleolítico, e o contato com outras civilizações remonta à presença árabe,
desde o século XI da Era Cristã. Vasco da Gama, navegador português, chega a essa porção da costa africana em 1498. O Império
Português toma posse da região no século XVI, e seu domínio se estende por quase 500 anos. A exploração colonial tem como foco a
extração de ouro e marfim e o comércio de escravos. Em 1951, Moçambique torna-se uma Província Portuguesa do Ultramar. O
movimento nacionalista surge na década de 1950 e ganha impulso em 1962, com a criação da Frente de Libertação de Moçambique
(Frelimo), sob a liderança de Eduardo Mondlane. A Frelimo inicia guerrilha contra os portugueses em 1964. Assassinado em 1969,
Mondlane é sucedido por Samora Machel.
O avanço da guerra anticolonial nos territórios portugueses da África reforça a crise da ditadura salazarista em Portugal. Com a Revolução
dos Cravos, em abril de 1974, a administração colonial portuguesa desmorona. Moçambique obtém independência em 1975, sob o governo
marxista da Frelimo, chefiado por Machel.

Guerra civil – Entra em cena na década de 1970 a guerrilha da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), grupo anticomunista
apoiado pelo governo da África do Sul. Nos anos 1980, a seca e a guerra civil provocam fome em larga escala. Machel morre em 1986 e é
sucedido por Joaquim Alberto Chissano, que reintroduz a propriedade privada da terra.

Pacificação – Em 1990, a Frelimo abandona a referência ao socialismo, institui a economia de mercado, legaliza os partidos e abre
negociação com a Renamo. As duas partes assinam acordo de paz em 1992. A miséria é generalizada e as minas terrestres espalhadas
pelo país dificultam o desenvolvimento da agricultura. Em 1994 são realizadas eleições presidenciais e legislativas. Chissano é eleito
presidente com pouco mais de 50% dos votos. Nas eleições de 1999, é reeleito. Em 2000, manifestação da Renamo que apontava a
existência de fraude nas eleições do ano anterior é reprimida. Depois disso, o diálogo entre as partes é retomado.

FATOS RECENTES

Em 2002, o ex-ministro Armando Emilio Guebuza, eleito secretário-geral da Frelimo, é anunciado como candidato da situação às eleições
presidenciais de 2004. Chissano não pretende concorrer. Em novembro, Nhyimpine Chissano, filho do presidente, é apontado como
mandante do assassinato do jornalista Carlos Cardoso, ocorrido dois anos antes, por dois dos seis acusados pelo crime. Em janeiro de
2003, os réus são condenados a até 28 anos de prisão, e a implicação de Nhyimpine não é provada. Em setembro, a justiça acusa 12
pessoas de desviar 14 milhões de dólares de um banco estatal, em 1996, em caso relacionado à morte de Cardoso. Três dos acusados
estão entre os condenados pelo crime.

Minas terrestres dificultam reconstrução

A guerra civil em Moçambique deixa como terrível herança cerca de 2 milhões de minas terrestres espalhadas no território. Em 1992 se
apurou que 123 das 128 municipalidades então existentes estavam minadas. De difícil detecção – pois podem ser de metal, plástico ou
madeira –, os artefatos tornam perigoso o ato de andar em lavouras, imediações de fontes de água, praias e rodovias e obstruem a
reconstrução econômica.
O custo da limpeza é alto: uma mina pode ser comprada por 3 dólares, mas sua retirada exige no mínimo 300 dólares (equipamento e
pessoal treinado). Hoje, Moçambique recebe ajuda para fazer a limpeza e assina tratado internacional antiminas.
A África é o continente mais afetado pelo problema. Estima-se que haja 30 milhões de minas espalhadas por 26 países africanos. Os
mais atingidos são Angola, Moçambique, Somália, Chade e Sudão.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ALMANAQUE ABRIL 2004

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Angola



DADOS GERAIS(2004)

GEOGRAFIA – Área: 1.246.700 km². Hora local: +4h. Clima: tropical (maior parte), árido tropical (O). Capital: Luanda. Cidades: Luanda
(2.819.000) (aglomeração urbana) (2001); Huambo (203.000), Benguela (155.000), Lobito (150.000) (1983); Lubango (105.000) (1984).

POPULAÇÃO – 13,6 milhões (2003); nacionalidade: angolana; composição: grupos étnicos autóctones 99% (principais: ovimbundos
37%, umbundus 25%, congos 13%, luimbés 5%, imbés nianecas 5%), europeus ibéricos 1% (1996). Idiomas: português (oficial), línguas
regionais (principais: umbundu, quimbundo, quicongo, ovimbundo, congo). Religião: cristianismo 94,1% (católicos 62,1%, protestantes
15%, outros 16,9%), crenças tradicionais 5%, sem religião e ateísmo 0,9% (2000).

GOVERNO – República presidencialista. Div. administrativa: 18 províncias. Presidente: José Eduardo dos Santos (MPLA) (desde 1979,
eleito em 1992). Partidos: Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), União Nacional para a Independência Total de Angola
(Unita). Legislativo: unicameral – Assembléia Nacional, com 223 membros. Constituição: 1975.

ECONOMIA – Moeda: kuanza; cotação para US$ 1: 75,12 (jul./2003). PIB: US$ 9,5 bilhões (2001).

DEFESA – Exército: 90 mil; Marinha: 4 mil; Aeronáutica: 6 mil (2002). Gastos: US$ 1,5 bilhão (2001).

RELAÇÕES EXTERIORES – Organizações: Banco Mundial, FMI, OMC, ONU, SADC, UA. Embaixada: Tel. (61) 248-2915, fax (61)
248-1567 – Brasília (DF); site na internet: www.angola.org.br.

DESCRIÇÃO

Ex-colônia portuguesa, Angola viveu em guerra por 40 anos, com saldo de mais de 1 milhão de mortos. Primeiro foi a luta pela
independência, desde 1961. Em 1975 começa a guerra civil, cujo fim só ocorre em 2002. A economia, baseada na exploração de petróleo
– mais de 60% do Produto Interno Bruto (PIB) – e diamantes, fica seriamente prejudicada. O país tem baixos indicadores sociais: os
angolanos vivem em média 46 anos e mais da metade não é alfabetizada. Terra de origem da maioria dos escravos trazidos para o Brasil,
Angola situa-se no sudoeste da África.

HISTÓRIA

Dentre os grupos banto que ocupam a região no primeiro milênio da era Cristã, destaca-se o reino do Congo, que recolhe tributos das
províncias sob sua soberania, incluindo parte da atual Angola. Próspero, esse Estado assiste à chegada do navegador português Diogo
Cão, que aporta em 1482 na foz do rio Congo. A colonização portuguesa funda cidades que servem de base para o comércio de escravos,
como Luanda (1575) e Benguela (1617). As fronteiras oficiais de Angola são estabelecidas em 1891, seguindo o estabelecido na
Conferência de Berlim (1884-1885), que partilha a África entre as potências européias.

Independência – Em 1961 começa a luta armada pela independência. Três grupos expressam diferenças ideológicas: o Movimento
Popular de Libertação de Angola (MPLA), marxista e apoiado pela União Soviética; a Frente Nacional para a Libertação de Angola (FNLA),
sustentada pelos Estados Unidos (EUA); e a União Nacional para a Independência Total de Angola (Unita), inicialmente maoísta e depois
anticomunista, apoiada pelo regime sul-africano do apartheid.
Com a queda do regime salazarista em Portugal (1974) e a decisão de tornar Angola independente, as rivalidades entre esses movimentos
se agravam. O Acordo de Alvor, firmado em janeiro de 1975 entre Portugal e os três grupos, prevê um governo de transição. O acordo
fracassa, e a guerra civil começa quando Agostinho Neto, líder do MPLA, é proclamado unilateralmente presidente da República Popular
de Angola, de regime socialista.

Eleições e impasse – A FNLA dissolve-se no fim dos anos 1970, mas a Unita mantém sua guerrilha com o apoio da África do Sul e dos
EUA. Tropas cubanas ajudam a sustentar o governo. Em 1988, acordo entre Angola, Cuba e África do Sul define a retirada das tropas
cubanas e sul-africanas. Em seguida, o governo e a Unita assinam acordo de paz e convocam eleições para 1992. Observadores
internacionais atestam a vitória do candidato do MPLA à Presidência, José Eduardo dos Santos, com 49,57% dos votos. Jonas Savimbi,
líder da Unita, com 40%, não aceita a derrota e recomeça a guerra.

Acordo de Lusaka – Em 1994, MPLA e Unita assinam acordo de paz em Lusaka, na Zâmbia. Como resultado, um governo de união
nacional assume em 1997, mas Savimbi, que seria o vice-presidente, recusa-se a entregar o controle de áreas de exploração de diamante.
Os conflitos prosseguem.

FATOS RECENTES

As tropas do governo avançam sobre os territórios inimigos em 2001. Com a guerrilha encurralada, Jonas Savimbi morre em combate, em
fevereiro de 2002. A guerrilha volta à mesa de negociações. Em 30 de março é assinado memorando de entendimento validando os
acordos de Lusaka e, em 4 de abril, um cessar-fogo total. O acordo prevê a desmobilização dos 50 mil homens da Unita. A incorporação
de 5 mil ex-combatentes ao Exército e à polícia é concluída em agosto, marcando oficialmente o fim da guerra civil.
Em janeiro de 2003, o presidente empossa Fernando Piedade dos Santos como primeiro-ministro, após três anos de vacância do cargo.
Em junho, a Unita, agora partido político legal de oposição, elege Isaias Samakuva novo líder.

A herança da guerra

Como resultado de décadas de guerra, o Produto Interno Bruto (PIB) de Angola despenca entre 1996 e 1999, aprofundando a miséria. A
pacificação, em 2002, traz a redução dos gastos militares, mas surge o custo de incorporação à vida nacional de milhares de integrantes
da Unita. Os investidores externos, porém, reagem com otimismo e prevêem que a produção de petróleo cru irá dobrar até 2007. Mesmo
com o conflito, Angola se mantém como o segundo principal produtor de petróleo na África ao sul do Saara – o primeiro é a Nigéria.
Os grandes desafios são reconstruir estradas e ferrovias e ampliar o cultivo da terra, dificultado pela existência estimada de 12 milhões
de minas terrestres. Em 2001 houve 339 acidentes com minas, e há cerca de 100 mil angolanos mutilados por elas. Em julho de 2002, o
governo de Angola adere oficialmente ao tratado de banimento das minas terrestres.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Almanaque Abril 2004

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Culinária africana e afro-brasileira

Elementos tradicionais da comida africanaHá diferenças significativas nas técnicas culinárias e nos hábitos de comer e beber do continente entre as regiões norte, leste, oeste, sul e central. Porém, em quase todas as culturas africanas, a culinária usa uma combinação de frutas disponíveis localmente, grãos, vegetais, leite e carne. Em algumas partes da África, a comida tradicional tem predominância de leite, coalhada e soro de leite. Entretanto, em boa parte da África tropical, o leite de vaca é raro.
Vegetais na culinária africanaVegetais ocupam um papel importante na culinária africana, sendo a principal fonte de vitaminas e fazendo parte de vários pratos constituídos de milho, mandioca, inhame e feijão. Esses vegetais também fornecem fonte secundária de proteínas. Em geral, folhas verdes e hastes jovens são coletadas, lavadas, cortadas e preparadas no vapor ou fervidas em combinação com especiarias e outros vegetais como cebola e tomate.
A maioria dos vegetais mais importantes na comida africana tem origem fora da África. Milho, feijão, mandioca e abóbora são originários das Américas e foram introduzidos na África pelos europeus no século 16. A maior parte do vegetais verdes africanos são resistentes à seca. A comida africana tradicional provê uma dieta variada geralmente rica em vitaminas e sais minerais, incluindo vitamina A, ferro e cálcio.
o norte da África, onde se tornou habitual o cultivo do trigo (incluindo a Etiópia e o norte do sudão) – esta culinária é desenvolvida na culinária mediterrânica – e
a África subsaariana onde, em geral, não é o trigo, mas outros vegetais farináceos que constituem a base da alimentação – é desta região que o presente artigo se debruça.
Ao contrário do norte de África, onde a base da alimentação é uma espécie de pão, na África subsaariana tradicionalmente é uma massa cozida em água que acompanha – ou é acompanhada – por diferentes guisados e grelhados. No entanto, o arroz e a batata aclimataram-se bem em várias regiões de África e atualmente pode dizer-se que metade das refeições têm estes vegetais como fonte de energia.
Na África austral e oriental, principalmente junto à costa, é o milho, moído em grandes pilões ou nas modernas moagens, que serve para fazer o substrato da culilnária africana. Nas regiões mais afastadas da costa, é o sorgo o cereal indígena que cumpre este papel, enquanto que na África ocidental o fufu é feito com os tubérculos do inhame e doutras plantas típicas dessas paragens. A mandioca, outro visitante de outras paragens que se radicou em África, é igualmente uma das fontes de energia utilizada nas regiões mais secas.
Então uma refeição “tipicamente africana” – normalmente consumida ao fim da tarde, depois do dia de trabalho – é formada por um grande prato de arroz ou massa de um dos vegetais mencionados acima, que é normalmente dividido criteriosamente pelos membros do agregado familiar, e uma panela com um guisado ou uma salada que acompanha um peixe ou naco de carne grelhada. Em relação a este “caril” (como se chama ao acompanhamento mais ou menos proteico da refeição em Moçambique), a divisão já tem regras mais rígidas, relacionadas com a divisão de trabalho na sociedade tradicional: o chefe da família tem direito ao melhor bocado, a seguir os restantes adultos e as crianças ficam praticamente com os restos, uma vez que durante as suas brincadeiras elas sempre vão comendo frutos ou mesmo um passarito que lhes apareça à frente.
Isto refere-se evidentemente às famílias que vivem nas zonas rurais – nas cidades, apesar da maior disponibilidade e variedade de alimentos, só uma pequena parte da população tem acesso a uma alimentação melhor que no campo. A maior diferença entre a refeição do africano rural e do pobre das cidades é o conjunto dos utensílios usados para cozinhar e servir os alimentos e do combustível utilizado; e, mesmo assim, as famílias rurais que têm ou tiveram um dos seus membros a trabalhar num país diferente por contrato, têm normalmente louça de cozinha e de mesa própria das cidades.
O “caril” típico em África é um guisado de vegetais, por vezes reforçado com uma pequena quantidade de peixe ou carne seca mas, na maior parte das vezes, a proteína é essencialmente vegetal. É comum em várias regiões – embora não seja um continuum – usar amendoim pilado como base do caril; o feijão, de que existe um grande número de variedades locais, é também uma importante fonte de proteínas. Naturalmente que as famílias de pescadores e, em geral, as pessoas que vivem junto à costa têm uma maior proporção deste tipo de proteína nas suas dietas mas, pelo contrário, os agricultores, que normalmente possuem também animais domésticos, não usam com tanta frequência a sua carne na alimentação diária. A carne, mesmo de galinha, é muitas vezes a “proteína do domingo” ou de celebrações especiais (casamentos, culto dos mortos, etc.)
Uma fruta muito conhecida na África meridional é a marula, uma variedade de noz comum na região. A maruleira (ou árvore da marula) é uma árvore de tamanho mediano originária das savanas e encontrada na África do Sul e da região da África oriental. Caracteriza-se por um tronco único cinzento e copa de folhas verdes, podendo atingir 18 metros de altura em baixas altitudes e pradarias abertas, típicas da savana. O licor de amarula produzido a partir da fruta é uma bebida africana exportada e comercializada em várias partes do mundo.
Comida afro-brasileiraPor volta do século 16 a alimentação cotidiana na África, que foi incorporada à comida brasileira pelos escravos, incluía arroz, feijão, sorgo, milho e cuscuz. A carne era predominantes de caça (antílopes, gazelas, búfalos e aves). Os alimentos eram preparados assados, tostados ou cozidos. Como tempero utilizava-se pimentas e óleos vegetais como o azeite-de-dendê.
A alimentação dos escravos nas propriedades ricas incluía canjica, feijão-preto, toucinho, carne-seca, laranjas, bananas, farinha de mandioca e o que conseguisse pescar e caçar; e nas pobres era de farinha, laranja e banana. Os temperos utilizados na comida eram o açafrão, o óleo de dendê e o leite de coco. O cuscuz já era conhecido na África antes da chegada dos portugueses ao Brasil, e tem origem no norte da África, entre os berberes. No Brasil, o cuscuz é consumido doce, feito com leite e leite de coco, a não ser o cuscuz paulista, consumido com ovos cozidos, cebola, alho, cheiro-verde e outros legumes. O leite de coco é usado para regar peixes, mariscos, arroz-de-coco, cuscuz, mungunzá e outras iguarias.

Referências
http://pt.wikipedia.org/wiki/Culin%C3%A1ria_da_%C3%81frica
http://www.copacabanarunners.net/culinaria-africana.html

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Resistência Negra







O que vem se chamar de Resistência negra no Brasil ?



Para os Movimentos Negros, resistência negra são todos os movimentos, processos de lutas,fugas , desobediência civil, resistência dos negros africanos e seus descedêntes (afro-brasileiros) em todas as épocas da História do Brasil.São quase 500 anos de luta, de resistência contra a escravidão, o racismo, a opressão e a exploração .

No período Colonial : os negros lutaram contra a escravidão , através de várias rebeliões como por exemplo a participação de na Revolta de Felipe dos Santos, em Minas Gerais, participação de "portugueses e seus negros" contra a opressão dos representantes da Corôa Portuguesa com a questão dos quintos cobrados do ouro e a criação de novas casas de fundição.

Outro exemplo de Resistência foram os Quilombos que surgiram em todo país cujo mais famoso sem nenhuma dúvida foi o Quilombo de Palmares.

A revolta dos Alfaiates na Bahia, tiveram grande participação os negros, queriam a independência do Brasil de Portugal, um regime político igualitário ,onde não houvesse preconceito de cor.

No período Imperial, podemos destacar a Revolta dos Malês em 1835 na Bahia.

De cunho religioso pois eram os rebeldes da religião muçulmana .Proibidos de exercer sua fé islâmica por que a religião oficial do Estado era a Católica . Também era um movimento político pois os malês tinham um organização de assitência mútua aonde buscavam libertar os negros escravos através da alforria.

A Jihad ( guerra santa) dividiam os negros naquela época devido muitos negros escravos

serem católicos, aguerra santa propostas pelos africanos Hauçás e Nagôs eram contra todos infiéis ,inclusive aos negros de religiões diferentes : católicos, umbanda, candomblé . Isso enfraqueceu a luta e promoveu a delação.Vencidos foram tratados com a tradicional brutalidade: chibatadas, torturas e forca.

No período Repúblicano são varios os processos de lutas e resistência , desobediência civil , destacamos: a Revolta da Vascina com ampla participação popular em que os personagens negros estavam presentes, capoeiristas, religiões afro-brasileiras contra a expulsão das classes menos favorecidas do centro do Rio de Janeiro e devido tambem aquestão da vascina obrigatória imposta pelo governo do Rio de Janeiro a todos os moradores, a falta de conscientização feita pelo governo fez com que eclodisse a revolta.

Outra importante revolta aconteceu na Marinha brasileira: A Revolta da Chibata comandada pelo marinheiro negro João Candido contra os castigos e os trabalhos forçados e a rigidez o qual eram tratados os negros marinheiros. Após um período de acordo entre a Marinha brasileira e seus marinheiros e o Governo, com várias greves e motins provocados pelos proletários, o governo decreta estado de sítio e começa uma longa fase de repressão , os marinheiros que participaram da revolta foram todos presos, torturados e muitos foram conduzidos para a região do Amazonas aonde muitos foram fuzilados, outros torturados. João Candido lider da revolta foi preso e torturado por dezoito meses , sem ter um julgamento ,sendo liberto através da ajuda das irmandades religiosas de Nossa Senhora do Rosário uma das mais antigas Confrarias Negras da cidade do Rio de Janeiro que lhe pagaram advogados.

No início da década de 1930 surgiu através de várias entidades negras,movimentos negros, a Frente Negra Brasileira que se tornaria a mais poderosa organização política negra de massa do século XX . Combatia o racismo, alertava contra as péssimas condições de vida da população negra, saúde e educação no Estado de São Paulo.

Tinha ramificações em muitos Estados como Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Maranhão, Sergipe, Bahia, Pernambuco. Em 1936 a Frente Negra transforma-se em Partido político, com o golpe militar e o Estado Novo decretado por Getúlio Vargas, o partido Frente Negra é dissolvido perdendo sua força política até o seu fim em Maio de 1938.

Na decada de 1940 tem como principal foco de Resitência o comitê democrático afro-brasileiro e o teatro experimental negro, um com finalidade de combater o racismo e dar anistia política para os presos políticos e outro tinha um caráter de combate ao racismo pela arte e cultura;

Com o fim do golpe Militar novas mudanças aconteceram no cenário brasileiro rearticulando os processos de resistência e luta política dos afro-brasileiros , movimentos culturais como Soul ( Black Rio) bailes , criação nas universidades de núcleos de estudo afro-asiáticos, de cultura negra e o surgimento do movimento politico MNU (Movimento Negro Unificado) em 1978.

Atualmente são vários movimentos negros combativos em todo Brasil que procuram lutar,promovem a conscientização dos negros com relação a sua cor ,sua cultura, enfretando o Racismo por uma sociedade mais democrática.

REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERREIRA,Yedo .O Movimento Negro e as eleições.Rio de Janeiro,SINBA,1983

GONZALES,Lélia e Carlos Halsenbalg.Lugar de Negro.Rio de Janeiro,Marco Zero,1982

Coletânea de textos do Movimento Negro Unificado. 1984

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Besouro o filme

Como tratar de Resistência Negra sem comentar sobre a Capoeira? Cultura e tradição afro-brasileira, mistura elementos de luta,dança, tradição oral e ritmos africanos .

Este filme pareci ser uma dica boa pra ver estas características.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A Importância da Oralidade nas sociedades africanas subsaarianas

Até os dias atuais, a maior parte das sociedades africanas subsaarianas consideram a importância da oralidade (fala), ao conhecimento adquirido,transmitido de geração para geração por meio das palavras proferidas com cuidado pelos tradicionalistas- os guardiões da tradição oral, que conhecem e transmitem as idéias sobre a origem do mundo, as ciências da natureza, a astronomia e os fatos históricos.
Nessas sociedade de tradição oral, a relação entre o homem e a palavra é mais intensa.A palavra tem um valor sagrado,sua origem é divina.A fala é um dom,não podendo ser utilizada de forma imprudente, leviana, de qualquer jeito ou sem critério.Ela tem o poder de criar,mas também o de conservar e destruir.Uma única palavra pode causar uma guerra ou proporcionar a paz.
Alguns ofícios (trabalhos) existentes nas sociedades africana estão relacionados à tradição oral,
a um conhecimento sagrado,a ser revelado e transmitido para as futuras gerações; é o caso dos ferreiros,carpinteiros,tecelões,caçadores e agricultores.Os mestres que realizavam essas atividades fazem-no ao mesmo tempo em que entoam cantos ou palavras ritmadas e gestos que representam o ato da criação.
Os griots ou animadores públicos também são tradicionalistas responsáveis pela história,música,poesia e contos. Existem griots músicos,tocadores de instrumentos,compositores e cantores, os griots embaixadores,mediadores em caso de desentendimento entre as famílias, e os griots historiadores,poetas,genealogistas( que trabalham a árvore genealógica,origem das famílias) este são contadores de histórias.
O aprendizado de um tradicionalista ocorre nas escolas de iniciação e no meio familiar,no qual o pai, a mãe e os parentes mais velhos também são responsáveis pelos ensinamentos, por meio de suas própiras experiências, lendas fábulas,provérbios e mitos sobre a criação do mundo.
Assim, os idosos em grande parte das sociedades africanas teêm um papel grandioso na transmissão de valores e conhecimentos para os mais jovens.
Os mais velhos por meio da sua experiência, transmitem alem dos mitos e provérbios , a moral á ética , o papel do homem no Universo,a existência do mundo dos vivos e dos mortos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MATTOS,Regiane Agusto de.História e cultura afro-brasileira,São Paulo: Contexto,2007 .

Tambores de Minas